… as coisas simplesmente acontecem.
Há
momentos na vida para tudo: sonhar, gritar, saltar, chorar, rir, acreditar,
desacreditar, encarar… e amar. O amadurecimento reconhece-se a partir daquele
momento em que já não importa o que dizem os outros sobre as nossas ações, mas
importa a sensação que cada ato nos provoca. O dealbar de cada dia tem sempre
mais uma vitória a alcançar quanto se tem em mãos o único objetivo fundamental
ao ser humano, viver.
É
tão bom saber olhar tudo o que nos rodeia com harmonia. Acreditar nas plantas,
nos animais, nos gestos mais inocentes. É certo que nem tudo surge com a melhor
das intenções, mas qualquer espírito mais atento saberá resguardar a sua
exposição de modo a que os mais cobiçosos jamais alcancem a confiança desejada.
Se
em tempos, bem remotos, determinadas apostas culturais, artísticos… e mesmo
académicas estavam ao alcance de uma elite, hoje sabemos que enquanto uns
exigem um esforço maior (os académicos, se não forem aldrabados), por outro
lado as mais diversas atividades culturais, artísticas, desportivas,
recreativas… estão bem ao alcance de todos aqueles que ousarem arriscar um
pouco do seu tempo em prol de uma causa específica.
A
educação, a cultura, a arte, o desporto, a ação social… não são pertença de um
grupo de elite, embora os meios de comunicação social nos façam parecer isso,
porque quase só sabem fotografar ou destacar os seus dirigentes, quando estes,
tantas e tantas vezes, só aparecem para cortar a fita. As comunidades, as
associações ou os simples grupos têm sempre muito mais gente a trabalhar em
favor de uma determinada causa do que aquelas que surgem aos olhos do mundo e
pode-se provar que tudo acontece porque há uma enorme conjugação de forças, o
que vem provar que subestimar os que estão em posição hierárquica inferior nem
sempre acarreta bons resultados, porque estes muitas vezes lembram-se e
arriscam sozinhos e as coisas simplesmente acontecem.
Toda
esta reflexão bem a propósito de exemplos conhecidos na organização social das
comunidades e a envolvência do meio com os factos. A sociedade é mesmo pouco
exigente em matéria de produção e isso reflete-se nas notas informativas da
comunicação social. Se os leitores dos jornais exigissem saber mais, por
exemplo conhecer todos os envolvidos para que um festival, uma feira ou uma
festa qualquer, a notícia não focaria as atenções no individual mas teria de
abordar o coletivo. Talvez seja este o trabalho que falta fazer para que as
pessoas deixem de ser controladas pelos detentores do poder, porque ao conhecer
quem realmente impulsiona os trabalhos (como acontece com a ficha técnica de
uma peça de teatro) serão estes que merecerão o aplauso do público e só há duas
opções: ou todos trabalham ou os chefes caem (confesso que já vi este filme).
A
ideia aqui abordada não tem nada de novidade, mas merece destaque porque é o
que está acontecer com o impulso da blogosfera que vem dar voz direta ao povo ao
trabalhar diretamente com os cidadãos. O que os jornais rejeitam, cabe muito
bem nos blogues e o concelho de Fafe disso já não se livra, porque surgiu um
blog que revolucionou a blogosfera em Fafe, o Blog Montelongo, e a rede já é
enorme e está espalhada pelo mundo.
Pedro Miguel
Sousa, in Jornal Povo de Fafe (13/07/2012)