A
sociedade está em guerra aberta. Se até agora as estruturas governamentais
convocavam reuniões para debater e incentivar a atividade cívica e a
necessidade da envolvência das pessoas, hoje já deixou de ser uma prioridade,
porque as pessoas resolveram definitivamente usar as redes sociais (sites,
blogues, facebook, twiter…) e nada nem ninguém consegue bloquear o seu
pensamento, as suas observações e indignações.
A
participação direta dos cidadãos, finalmente, é uma realidade. “A fome é má
conselheira” e “quando não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”. Estes
provérbios poderão aplicar-se ao que poderá acontecer se a classe política não
arrepiar caminho. Quando falamos de classe política não estamos apenas a
referir-nos aos Ministros do Estado Português ou aos deputados da Assembleia da
República, estamos a referir-nos a todos, principalmente aos que usam e abusam
de pequenos poderes lá na cidade ou na aldeia. Ainda há pessoas que pensam estar
no tempo de Salazar e que podem pôr e dispor do estatuto de intocáveis, porque
são protegidos pelo clero e pela nobreza, o grande problema é que o povo está a
perceber que tem voz e pode usá-la, sem ter de passar por nenhum crivo
mal-intencionado.
Neste
preciso momento, a sociedade é um campo minado ou, se preferirem, um barril de
pólvora pronto a explodir. Se pretendermos uma sociedade equilibrada e que
oriente as suas ações pela racionalidade e harmonia, mesmo em tempo de luta, os
governantes necessitam repensar a sua forma de atuar com urgência. O ‘quero,
posso e mando’ começa a não ter sentido, até porque a falta de empregos, onde
muitos se agarravam para oferecer e/ou chantagear os que pretendiam ter por
perto, está a deixar as suas armas sem munições. As autarquias controladoras de
empresas, associações e, mesmo muito, da comunicação social têm de alterar a
atitude, porque até podem conseguir dominar as direções, mas «há sempre alguém
que resiste, há sempre alguém que diz não». E, esse alguém – hoje pode ser
qualquer pessoa, pode ter uma estrutura ainda maior com ele, onde com um
simples clique e uma partilha no seu mural consegue mover montanhas e derrubar
regimes.
Ora aí
está a participação cívica ou democracia participada.
Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (28/09/2012)