Escrever
é um hábito que se adquire e não se consegue parar por muito tempo. Se num
passado ainda recente não era muito fácil ver os textos publicados, as novas
tecnologias trouxeram um novo fôlego à comunicação e há mais gente a contribuir
para o desenvolvimento cultural e social das comunidades e do país.
Sempre
me identifiquei com a liberdade de imprensa, o que me permitiu aceitar com a
maior das naturalidades o surgimento destas ferramentas. Depois de longos meses
e muita informação online, Fafe tem uma rede de blogues plural e diversificado.
E se até há bem pouco tempo não se olhava para a blogosfera como uma realidade
fidedigna, hoje esta barreira está praticamente ultrapassada, devendo-se a dois
fatores fundamentais: identificação das fontes (indivíduos já conhecidos de
outras lides e outros que vão surgindo no mesmo grupo) e a seriedade como são
tratados os assuntos. Num olhar rápido sobre a blogosfera em Fafe, encontramos
no Blog Montelongo, o impulsionador de toda esta rede agora existente, a troca
de opiniões sobre os mais variados assuntos da vida cívica. O blog JORNAL de
FAFE, em muito pouco tempo de vida, conseguiu ganhar a confiança das
instituições ao analisar pelas notas de imprensa lá encontradas e publicadas
também na imprensa escrita. Na Falaf Revista Cultural de Fafe está lá uma
enorme recolha de informação sobre aspetos culturais do concelho. Há também blogues
que nos mostram as atividades das associações e outros pessoais mais ligados a
atividade criativa e opinativa.
Nos
mais distintos blogues leem-se umas coisas interessantes, uns bitaites, umas
arrufadas mais ou menos severas, mas o mais brilhante de tudo isto, para mim, é
a oportunidade de conhecer gente, locais, história e histórias fantásticas do
meu concelho que de outra forma não tinha hipótese. É certo que a imprensa
escrita é um meio fundamental para a comunicação e divulgação do que se passa
no concelho, mas a blogosfera torna-se um complemento por excelência.
Deste
modo, a cultura em Fafe está a tornar-se mais e melhor. O processo de
construção ainda está no início mas a participação ativa é merecedora de
destaque. Há mesmo muita gente a interessar-se e a usar este meio de
comunicação. Uns lançam-se em projetos individuais outros coletivos e alguns em
uns e outros. Se até agora só eram conhecidas algumas individualidades que
escreviam umas coisas, mais ou menos agradáveis dependerá sempre da impressão
de cada um, a realidade está a transformar-se finalmente e, sobretudo,
felizmente para a projeção deste ‘nosso’ concelho de Fafe.
Nota de esclarecimento:
Na crónica do dia 23 de Novembro de 2012, “Hora de mudar de rumo ou
continuar na mesma?”, escrevemos o
seguinte sobre as Jornadas Literárias: «... enquanto uns trabalharam voluntariamente
outros, segundo informações de participantes, faziam-se pagar por horas extras
ao serviço da autarquia. (…) Se
realmente é verdade,…». Na semana seguinte fomos informados que os
funcionários envolvidos são da área da cultura e que «… a Câmara não paga horas
extras a ninguém, absolutamente ninguém, da área da cultura». Voltando a abordar
as nossas fontes, fomos confrontados com uma observação diferente: «… o que
acontece é que têm altos salários, mas a iniciativa parte de fora. Eles é que
deveriam tomar a iniciativa». Neste sentido, verifica-se que há leituras
diferentes do inicial, não se fala agora de ‘horas extras’ mas de iniciativas,
o que não foi por nós abordado. Contudo, a autarquia não é uma entidade sem
fins lucrativos, se recorre aos funcionários tem de lhes pagar. Quem deveria ou
não ‘tomar as iniciativas’ é outra questão que não importa para este caso.
Seja como for, importa
repor a verdade, reconhecer a falha de comunicação e o facto de não termos
confrontado previamente a situação com a autarquia. A bem da verdade, não
poderíamos deixar de pedir desculpa e de ressalvar que nesse mesmo artigo
tecemos elogios a duas pessoas que consideramos de muito valor e trabalham
ambos na área da cultura, Artur Coimbra e Jesus Martinho, o que seria um
contrassenso a crítica e o aplauso simultâneo. Por tudo isto, lamentamos o
sucedido e fica claro que a autarquia não pagou qualquer hora extra durante o
evento. A verdade acima de tudo!
Pedro Sousa, in Jornal Povo de Fafe (08-12-2012)