“Vou buscar um
paninho para cobrir o Menino.”
Salvador, 2 anos
Lindo.
Simplesmente magnífico. A inocência desta criaturinha de Deus. A ternura de um
olhar sincero. Ainda lhe tentei explicar que o Menino não precisava porque as
palhinhas eram quentes e a vaquinha e o burrinho também protegiam o menino com
o seu respirar. Mas nada adiantou. Estava decidido. Não conseguindo mais nada, Salvador
trouxe um pano de cozinha para aquela imagem que cabe na palma de uma mão. O
importante era cobrir o Menino.
-
Não é preciso – disse eu. – É, é. Responde o Salvador de voz forte e
determinada.
O
primeiro pano era enorme para um menino tão pequenino, mas como não o consegui
demover da imagem de presépio convencionada, a qual nunca questionei, nem em
sonhos, sugeri que pedisse um pano pequenino. Salvador logo se apressou a pedir
à Avó: “Bózita, dá-me um paninho para cobrir o Menino.” Como é óbvio, a Avó
logo se apressou em resolver o problema e encontrar a melhor solução.
Isto
não é uma estória, é mesmo a história mais bonita. A história de uma criança
que sentiu um menino desprotegido no meio de todas aquelas figuras com as suas
próprias vestes. O Menino não podia ficar ali ao frio. Os meninos não podem
ficar ao frio. As pessoas têm de estar cobertas e protegidas.
Quantas
vezes pensámos nisto? Quantas vezes pensamos naqueles que têm frio, fome, sede
e, principalmente, atenção? Bem pelo contrário. As preocupações dos adultos
resumem-se às maiores futilidades de uma sociedade consumista que não sabe
celebrar um Natal sem prendas. Tantas e tantas vezes essas prendas só servem de
alegria durante dois minutos, o tempo suficiente para abrir e colocar na
prateleira.
O
Natal é muito mais do que isto. O Natal é a celebração do nascimento. A festa
da Família. A riqueza dos presentes da união, partilha e toda aquela alegria
proporcionada pela azáfama das crianças nas casas onde se juntam os avós, os
pais, os filhos, os primos, os sobrinhos, os tios… esta é a maior alegria do
Natal.
Aproveitando
este lindo conto e ensinamento de um menino de 2 anos, desejo que seja
simplesmente NATAL nas vossas casas.
Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (21-12-2012)