Não sou jornalista. Mas
também fui mordido pelo bichinho da comunicação. Educação, Cultura, Arte e
Comunicação são as áreas pelas quais nutro um carinho especial. Ainda que de
formas mais ou menos comprometidas, posso dizer que trabalho com todas elas, sendo
a educação a minha área profissional. No entanto, as matérias da comunicação
têm-me sido confiadas e é aí que todo o meu conhecimento e investigação tem
incidido, o que me permite dizer com toda a confiança que a imprensa escrita
vai sobreviver, ao contrário do que foi apregoado com o aparecimento feroz das
novas tecnologias, já o jornalismo precisa de ser mais fiel aos seus
primórdios.
As redes sociais
(blogues, facebook, instagram…) não são um substituto do jornalismo. Devem ser
apenas usadas como um complemento. São ferramentas essenciais para quem quiser
contar a mesma história de outras maneiras. A função do jornalismo é informar,
mas a notícia tal e qual a conhecemos não chega a todo o público. A maioria das
pessoas não lê a imprensa escrita, mas usa facebook, instagram ou segue com
atenção os youtubers de sucesso. Se um jornal quiser fazer chegar a sua
mensagem a mais público, só o conseguirá se souber construir e estabelecer
diálogo através destas ferramentas. Se o objetivo do jornal é só manter as suas
1000, 2000 ou 3000 tiragens semanais, aí não precisa de se chatear muito… mas
precisa voltar a ser jornal.
Apostar em jornalistas a
sério ou, pelo menos, colaboradores que saibam o que é o jornalismo e o seu
código deontológico e deixá-los trabalhar numa investigação responsável para
melhor informarmos o leitor. Há, neste momento, um jornalismo demasiado
agarrado ao doutorismo ou amiguismo e com medo de pôr em cheque alguma
sensibilidade. O jornalismo local tem medo do confronto. Todos se conhecem e as
cópulas estão demasiado protegidas. Se algo de menos bom é tornado público, há
jornais que nem se dão ao trabalho de investigar, apenas querem saber o que
dizem o Presidente, as direções ou os responsáveis e isso basta, sabem porquê?
Porque os leitores deixaram de ser exigentes. Sabem que os jornais estão a
encobrir e até alinham em proteger os fulaninhos, mas já ninguém se chateia com
nada!
Em tempos idos,
lembro-me alertar uma direção de um jornal local do rumo que o mesmo estava a
seguir. Não queriam que eu falasse da forma como os utentes dos centros de
saúde eram tratados (as maratonas pela madrugada fora…) e nem da comparação da
atribuição de verbas às juntas de freguesia… a minha investigação foi posta em
causa na altura… o que eu disse foi relevado… o jornal já não existe
mais.
Numa altura em que se
comemora uma longevidade como esta do Povo de Fafe, não posso deixar de desejar
que se agarrem as rédeas do jornalismo com a garra merecida e que se continuem
a somar anos de partilha noticiosa e opinião, sempre numa total tolerância
entre as diferenças de opinião, mas comprometidos numa mesma cumplicidade
humanística.
injornalpovodefafe