Não era mais do que um puto da
primária quando me lembro das primeiras referências na política. O meu pai
saltou do sofá a manifestar-se efusivamente com a vitória nas presidenciais.
Depois veio o apoio ao Nelson Pinto lá por Regadas. Primeiro como independente
e depois apoiado pelo Partido Socialista de Fafe, quando ganha a Junta. As
quezílias e tramoias atiraram-no borda fora. Foi literalmente descartado pelo
PS Fafe para dar lugar ao secretário da junta na altura. Nunca mais gramei a
política do PS Fafe.
Nessa altura, nem imaginava
envolver-me em política… mas também não sou dos que apoiam uma pessoa e a
abandona se perde! Eu estou lá até ao fim, contra tudo e contra todos!
As políticas de esquerda são as
que mais considero e, antes de uma filiação, fui mesmo ler o que Sá Carneiro
tinha escrito. Bem… os ideais sociais estavam lá! E já que me ia envolver na
política, então que fosse para apoiar as pessoas que eu considerava que
comungavam os mesmos princípios… apoiar os sociais-democratas do passado e
depois no PS? Não! Jamais… Se na altura apoiava Nelson Pinto como independente
contra os sociais-democratas, como poderia apoiá-los como socialistas? Nunca!!!
Falo um pouco da minha curta
história política, apenas para mostrar que sempre admirei pessoas com
convicções firmes, como é o caso de Mário Soares. Era aguerrido. Firme. E,
segundo o que se ouviu estes dias, ‘estava-se nas tintas para o que diziam
sobre si, mas lutava sempre pelos objetivos traçados.’
Não sou fã incondicional de Mário
Soares, confesso que o último mandato como Presidente da República me
desiludiu. Todo aquele aburguesamento em múltiplas viagens parecia mais de um
Rei do que um Presidente da República. Não gostei. Mesmo que muitas pudessem
ser importantíssimas para as relações externas, na minha perspetiva foram
exageradas na forma e no conteúdo. Já gostei bem mais do que veio fazer Jorge
Sampaio logo a seguir. Mais comedido…
Contudo, como tento ser o mais justo
possível, mesmo com estas desilusões, até porque acho que Mário Soares deveria
ter-se afastado da política após o segundo mandato, o que se veio a revelar com
as derrotas que teve na recandidatura, não posso deixar de dizer que admiro a
sua ação como um verdadeiro lutador. Um indivíduo que movia multidões porque
sabia liderar e tinha carisma. Errou? Certamente que sim, era humano! Mas se
não fosse ele e outros como ele, hoje não poderia escrever nem uma linha. E eu
sei do que falo!
Até sempre, Camarada!